Olá amigos, bom poder estar aqui...
Hoje eu li um texto do grande poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (há quem diga que este texto não é dele, se isso for verdade me conta, por favor, quem é o autor) e a cada frase que eu lia levava o meu pensamento até minha casa e de como tenho desfrutado dela nestes últimos anos.
Quando a compramos em 2005, fizemos uma pequena reforma para podermos mudar e levei meses organizando, tentando deixá-la com o nosso jeitinho, meu e do marido.
Confesso que algumas coisas nela não me agradavam como o piso das salas e dos quartos, o quintal inteirinho de ardósia (dava um trabaaaalho cuidar dessa tal ardósia, uma coisa!) e sobretudo minha cozinha, os armários embutidos, principalmente o debaixo da pia era todo mofado pela umidade e quando compramos essa casa a pia era tão alta que batia no meu peito e até falei pro marido: "nossa! no lugar do avental vou ter que usar um capacete porque vai molhar todo o meu rosto!" rs e foi a primeira coisa que fizemos, rebaixar a pia e mesmo assim ficou alta (quando se tem 1m e 56cm de altura não ajuda muito, né gente, rs), sentia muitas dores nas costas, tinha dia que eu até usava um sapato de plataforma pra facilitar, mas acabava que além das dores nas costas ficava também com dores nas pernas, mas tudo isso tornava-se pequeno diante de um sonho realizado: a compra da casa própria!
E fomos vivendo assim até agosto do ano passado quando resolvemos fazer uma grande reforma, inclusive dia 10, daqui uma semana, já vai fazer um ano do início da reforma que foi até meados de fevereiro deste ano. Foi uma luta, inclusive no post de janeiro/11 fiz um grande desabafo por tudo o que estava passando... E hoje quando olho tudo arrumadinho, do jeitinho que queríamos, eu ergo minhas mãos pro céu e agradeço a Deus por mais uma vitória alcançada.
Mas voltando ao texto, eu adoro casa limpa e organizada, mas também adoro receber visitas e as duas coisas juntas nem sempre combinam, não é mesmo? Sempre acontece de alguém derrubar suco ou vinho tinto na sua toalha branca limpinha (já ouviram falar na lei de Murphy, né?), sempre alguém vai derrubar algum alimento no chão e um outro vai pisar, sempre tem alguém que vai usar o banheiro e "batizar" o papel higiênico e adjacências (no caso de nós mulheres isso jamais acontece, rs, é o famoso "El Mirador", rs), sempre tem alguém que vai jogar bituca de cigarro no seu jardim ou no seu vaso de planta preferido (acho que eles tem alguma esperança de nascer algum pé de cigarro ali, não é possível!), sempre tem alguém que tem a infeliz ideia de jogar um caroço de azeitona ou semente de uva em alguém para provocar e acaba virando uma guerra, sempre tem alguém que vai meter o sapato sujo na sua parede pintadinha... e por aí vai... vai dizer que você nunca passou por isso??? Ou você é daquelas que tranca a casa e não deixa ninguém entrar, nem o seu marido e seus filhos? Éééé... conheço gente assim, que expulsa o marido e os filhos de casa na hora da faxina e depois tranca tudo e só deixa os coitados entrarem pra dormir, assim mesmo com mil recomendações, rsrs.
Eu, quando vou receber visitas em casa procuro deixar tudo limpo e uso sempre a minha melhor toalha de mesa, louças, talheres e meu marido olha e fala: "pra que isso se vai sujar tudo!" Gente, mas o bom anfitrião é esse, que se preocupa muito mais com o bem-estar da sua visita do que com a arrumação da casa e depois costumo dizer sempre: "nada que aquele sabão líquido não resolva!" Não querendo fazer propaganda de graça, mas... aquele que "se sujar faz bem" sabe qual é?
As portas da minha casa estão sempre abertas para visitas, amigos, família e podem sujar a vontade, o importante é que se sintam em casa... mas poderiam, por favor, não colocar o pé com sapato na parede e nem jogar bituca de cigarro no meu jardim? (escrevi pequeno porque eu tô falando baixinho, rs), o resto tá liberado, ok? tá? pode ser? tranquilo?
Dizem que toda brincadeira tem um fundo de verdade, mas tô brincando tá gente, amo meu amigos, minha família e vocês são muito bem vindos sempre!
Caraca, preciso perder essa mania de falar demais, o foco é a mensagem que gostaria de compartilhar com vocês...
Casa Arrumada
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.
"A VIDA é uma pedra de amolar; desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos."
(George Bernard Shaw) 1856-1950
Bjs, fiquem com Deus!